Sardinhas com Ouro Comestível

Abrir e encontrar o ouro.: Em italiano, ao dizermos “l’oro” (ouro, em português) também poderíamos estar a dizer “loro” (ou seja, eles), e, realmente, abrir uma lata como esta evoca tanto o ouro, quanto a presença de quem produziu essa maravilha. Eles, neste caso, são os peixes do oceano, são os pescadores, os artesãos, a Comur. O ouro reluz nestas latas como um lingote.; E ao dizermos “gold”, na verdade, estamos a dizer também “old”: antigo, como a tradição da Comur, como a transmissão de geração em geração de segredos, experiências, tesouros e histórias, com delicadeza e sabedoria. O antigo é precioso, sagrado, é ouro: old, e por isso gold.; A palavra “ouro” está contida em “Douro”, uma região portuguesa de encanto avassalador, um vale encantado, património da Humanidade, com paisagens de beleza inimaginável. O rio Douro cria reflexos nas margens, transforma-se na cor encarnada do Vinho do Porto, adquire o azul dos azulejos, e torna-se vermelho vivo como o pôr do sol sobre o oceano. E o que é tudo isto se não ouro?; Estas sardinhas são mar e terra juntos, são chão e céu. São aquilo por que não se esperava, mas que se queria encontrar. E o pensamento vai para a noite, quando o sol desce lentamente sobre o mar. Vai para a luz, que bate nas pequenas embarcações que balançam no rio, em Vila Nova de Gaia. Vai para todas as vezes em que a areia parece ficar iluminada ao condensar e refletir sobre si a poeira de conchas milenárias, testemunhos de eras geológicas longuíssimas. Vai para o mar, que se transforma em terra, e que da terra sobe para o céu, tornando-se algo etéreo, como o Fado, a sorte, a alma portuguesa. Como estes flocos de ouro, feitos por eles, testemunhos de antigos segredos transmitidos de pai para filho, antigos e novos ao mesmo tempo, dourados, mas também azuis, vermelhos, cambiantes e nunca iguais.; Abrir e encontrar o ouro. Abrir estes lingotes e encontrar um imenso tesouro: a sardinha portuguesa.

Ouro Português

made by Anahory&Monteiro