O Peixe e o Açúcar

O Peixe e o Açúcar
Que estranheza nos causa juntar as palavras “peixe” e “açúcar”, desde logo pelos seus paladares tão dispares, que não “ligam” nem na boca nem na escrita. Mas vamos ver como estão intimamente relacionados, tal qual o ditado:

“Os opostos atraem-se.”

Num padrão alimentar menos saudável chamado de “Dieta ocidental”, o consumo de peixe é quase nulo e o consumo de fontes de açúcar artificial é extremamente elevado. Uma das justificações para este facto prende-se com o valor económico, ou seja, o preço. Veja como, em Portugal, um quilograma de pescado transacionado em lota foi de 2,21€, sendo que até chegar ao público este valor se multiplica, mas, por sua vez, o preço de venda ao público de um quilograma de açúcar foi de 0,69€ em 2021! É uma luta desigual quando a prioridade de muitas famílias portuguesas é pôr “comida na mesa”.
Mais difícil se afigura quando o pescado tem de ser preparado, confecionado, “dá trabalho” a comer por ter espinhas e ainda deixa odor na cozinha… Versus um qualquer produto rico em açúcar em que só tem de abrir o pacote, mastigar, saborear e deitar fora a embalagem. É uma luta desigual, volto a dizer…
Mas hoje estou aqui para lhe demonstrar que vale a pena lutar contra estas contrariedades! E porquê? Única e exclusivamente pela sua saúde.
 
O açúcar de adição, seja branco, amarelo, mascavado, frutose, glucose, dextrose ou qualquer outro dos seus sinónimos, representa um perigo para a nossa génese!
 
Sabe-se atualmente que o açúcar está para o material genético como o ar está para os metais. Significa que tem um enorme poder oxidante. Esta oxidação produz erros, falhas na sua regeneração e replicação, dando origem a uma “leitura errada” do código genético. Por sua vez, destes erros geram-se proteínas defeituosas e toda uma cascata de erros até à doença. Estas não são mais do que todas aquelas a que habitualmente chamamos de doenças crónicas e metabólicas, incapacitantes e mortais, como o cancro, a demência, as doenças cardiovasculares, autoimunes e, claro, a diabetes.        

        
Então e o peixe? No que se relaciona com esta cascata de problemas? O peixe é uma das soluções!
 
Meng Q. et al. publicaram na conceituada revista científica The Lancet, em 2016, a conclusão da sua pesquisa: o consumo de ómega-3 foi capaz de reparar os danos oxidativos causados pelo açúcar frutose a nível cerebral.
 
Mais recentemente em outubro de 2021, Khalili L. et al., publicaram na Metabolites a sua revisão sistemática e meta-análise concluindo que o consumo de 1000-2000mg/dia de ómega-3 durante 8 semanas consecutivas, melhorou significativamente indicadores glicémicos (como a sensibilidade à insulina) e o perfil lipídico de pacientes com Diabetes tipo2, além de ter reduzido o peso corporal e diversos marcadores inflamatórios!
 
O ómega-3 é ainda um aliado do bom funcionamento do cérebro: melhora a conectividade entre os neurónios, promovendo uma resposta eficaz aos estímulos, nos centros de prazer e de regulação do apetite, no controlo das emoções e da impulsividade, contribuindo de forma decisiva para um comportamento alimentar saudável.
 
Não tenho dúvidas: um adequado consumo de pescado e, assim, de ómega-3 é uma resposta saudável e equilibrada aos desafios do dia-dia que nos causam stress, doença e impulsividade por açúcar!
Introduza peixe na sua alimentação no mínimo três vezes por semana, idealmente todos os dias. Os peixes ricos em ómega-3 são os com maior teor de gordura e de mar! Encontra-os nas deliciosas conservas da Comur como a Cavala em azeite, o Salmão fumado ou a Sardinha assada com pimentos.

Investir agora na sua alimentação é poupar futuramente em tratamentos e fármacos.
 
Até breve!
 
 
Nutricionista Catarina Cachão Bragadeste, n.º 0402N | Blogue Diário de uma Dietista
Mar 2020 | Portugal 2020
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