Consumo de Peixe e Doenças Cardiovasculares

Consumo de Peixe e Doenças Cardiovasculares
O mais importante na vida é poder desfrutá-la com o máximo de saúde, bem-estar e felicidade.
Um facto incontornável da atualidade é que as principais causas de mortalidade e morbilidade são evitáveis! Ou seja, relacionam-se com o estilo-de-vida.

Segundo o relatório “Retrato da Saúde 2018” da autoria do Ministério da Saúde (Lisboa, 2018 ISBN 978-989-99480-1-3), as doenças cérebro-cardiovasculares foram responsáveis por cerca de 30% das mortes ocorridas em Portugal, seguidas pelas doenças oncológicas.

Como principais fatores de risco para doenças cérebro-cardiovasculares em portugueses entre os 25 e os 74 anos, temos:
- Hipertensão arterial que afeta 36% deste grupo populacional;
- Hipercolesterolemia que afeta 63,3%;
- Diabetes em 10% deste grupo, sobretudo os homens e os grupos etários com mais idade: 23,8% dos indivíduos entre os 65 e os 74 anos;
- Obesidade em 28,7% da população adulta, principalmente em mulheres (32,1%).
Portanto, podemos verificar pelos 4 pontos elencados que o nosso estilo de vida, onde se incluem os maus hábitos alimentares, está diretamente relacionado com os principais fatores de risco para doenças cérebro-cardiovasculares.

Mas que impacto poderá ter o consumo de peixe na prevenção das doenças cardiovasculares?
Segundo uma recente revisão sistemática e meta-análise publicada na revista científica Nutrients, um maior consumo de peixe está significativamente associado a uma menor mortalidade por doença coronária. Este estudo mostra que a incidência e a mortalidade por “ataque cardíaco” eram reduzidas em 4% por um aumento de 20g ao dia no consumo de peixe (Nutrients 2020, 12(8), 2278).

Outra meta-análise de estudos prospetivos de coorte mostrou uma dose-resposta estatisticamente significativa entre o consumo de peixe e enfarte do miocárdio: o risco de enfarte reduz-se em 2-12% com o aumento do consumo de peixe entre 100-700g por semana (J Stroke Cerebrovasc Dis. 2019 Mar;28(3):604-611).          
     
Em termos nutricionais, o pescado (peixe e marisco) destaca-se pela sua riqueza em nutrientes cardioprotetores como os ácidos gordos ómega-3, mas também vitamina D, riboflavina, iodo, cálcio, fósforo, magnésio, potássio, zinco e ferro. Em conjunto, tornam este alimento um aliado do sistema circulatório, prevenindo a sua deterioração ao longo da vida.

Sabendo que somos um país “à beira mar plantado” e com um dos maiores consumo de pescado da Europa será que temos algum benefício?
Sim, e esse benefício seria ainda maior se o consumo de peixe fosse diário! Quem o diz é um estudo publicado a 7 de dezembro de 2021 no Jornal Britânico de Nutrição, realizado por um grupo de investigadores portugueses do Instituto de Saúde Pública (Universidade do Porto), em conjunto com o IPMA, INSA e ASAE. Neste estudo, demonstrou-se que 11450 anos de vida saudável perdidos (DALY – Disability-adjusted life years*) por ano poderiam ser prevenidos se o consumo de pescado dos portugueses passasse a ser diário! Nas grávidas esse aumento seria 1398 DALY’s pelo aumento do risco no neurodesenvolvimento fetal. Assim, este grupo de investigação português é perentório em afirmar que a frequência recomendada para o consumo de pescado deveria ser de 7 vezes por semana, em vez da recomendação atual de 3 vezes por semana. No grupo das grávidas, esta recomendação faz-se acompanhar pelos devidos esclarecimentos sobre as principais fontes de metilmercúrio (Br J Nutr. 2021 Dec 7;1-14.).

Portanto, não sobram dúvidas de que através do consumo diário de peixe podemos viver mais anos! Especialmente, se consumirmos pescado de qualidade como o das conservas Comur! Peixes pequenos e de superfície são pouco contaminados por metais tóxicos, como por exemplo, a nossa sardinha, carapau e cavala. Inclua-os na sua alimentação diária, sabendo que irá juntar prazer, qualidade e anos de vida no seu prato!

*DALY, em português, Esperança de Vida Corrigida pela Incapacidade ou esperança de vida saudável, indica o número de anos que um indivíduo pode esperar viver de forma saudável, sem limitações ou incapacidades.
Nutricionista Catarina Cachão Bragadeste, n.º 0402N | Blogue Diário de uma Dietista
Mar 2020 | Portugal 2020
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